quarta-feira, 18 de abril de 2007

Movimentos

Articulações Sinoviais
Embora muitos movimentos articulares apareçam complexos, eles sempre podem ser transformados em componentes simples. Além disto, muitas atividades são resultado do movimento coordenado de diversas articulações vizinhas; o número de mudanças pode ser considerável quando o movimento em cada articulação individual é moderado.
O tipo mais simples de movimento é descrito como translação. Em sua forma pura, a translação consiste em uma superfície achatada deslizando sobre uma outra enquanto os corpos aos quais as superfícies pertencem mantêm sua orientação original. Provavelmente, movimentos translatórios verdadeiros nunca ocorrem porque os pré-requisitos são superfícies perfeitamente achatadas e ausência de giro. Entretanto, é descrita uma classe de articulação (articulação plana) na qual o movimento é supostamente deste tipo. Essas articulações apresentam pequenas superfícies articulares que parecem planas à primeira vista; na verdade, as superfícies articulares são sempre curvas. Todos os outros movimentos envolvem mudança angular. Em alguns, o osso móvel rotaciona (gira) em torno de um eixo perpendicular a sua superfície articular, um movimento descrito como rotação. A rotação sempre pode ser inversa e, portanto, é necessário especificar sua direção. De acordo com a convenção, uma rotação interna do membro conduz a superfície cranial medialmente; já uma rotação externa conduz tal superfície lateralmente.
Outros movimentos envolvem o osso móvel oscilando sobre um eixo paralelo a sua superfície articular em um movimento pendular ou giratório; isto representa uma espécie de corrediça entre as superfícies curvas e pode ser descrito como uma oscilação. A maioria das oscilações é acompanhada por uma certa rotação, embora isto muitas vezes passe despercebido.
Movimentos pendulares em planos sagitais predominam nas articulações dos membros e são conhecidos como flexão e extensão. A flexão reduz o ângulo entre os dois segmentos do membro. O movimento oposto de extensão abre o ângulo e traz os dois segmentos mais próximos ao alinhamento. Todavia, o movimento em algumas articulações varia desde uma posição flexionada até extensão completa (180 graus) a uma segunda posição fletida no outro extremo. A articulação do boleto do eqüino é um bom exemplo de articulação com tal amplitude de movimento. Em tais casos, as duas posições terminais podem distinguir-se como hiperextensão (ou flexão dorsal), a postura do animal em repouso em estação, e flexão (palmar), a postura quando a pata se encontra passivelmente elevada.
Adução e abdução são movimentos pendulares em planos transversos. A adução conduz a parte móvel no sentido do plano mediano e a abdução a conduz para mais longe deste plano. Quando aplicadas aos dígitos, a adução e a abdução descrevem o movimento com referência ao eixo do membro e indicam a convergência ou a expansão dos dígitos, respectivamente.
A combinação de flexão e extensão, adução e abdução possibilita o traçado de um círculo ou uma elipse pela extremidade do membro, um movimento conhecido como circundução.
São impostas certas limitações aos movimentos articulares. Existem diversos fatores potencialmente limitantes e não é fácil determinar sua importância relativa. O formato das superfícies articulares é obviamente relevante. Um grau de incongruência é necessário para manter uma espécie de calço de sinóvia lubrificante entre as superfícies. O calço fica reduzido quando o raio da curvatura da superfície convexa aumenta em direção a sua margem para aproximar-se ao raio da curvatura da superfície côncava oposta. As superfícies, assim, tornam-se congruentes na posição terminal hermeticamente compacta e um movimento adicional fica impedido por serem comprimidas em conjunto.
A tensão nos ligamentos extracapsulares certamente pode deter o movimento, embora seja incerto se este método de trava é necessário ou não nas circunstâncias normais. Alguns ligamentos parecem ficar moderadamente esticados em toda a extensão normal do movimento, ao passo que outros estão folgados e tornam-se esticados apenas quando o movimento se arrisca a ir além do limite normal.

Fonte: Tratado de Anatomia Veterinaria

terça-feira, 17 de abril de 2007

Curiosidades - Artroscopia

VOCÊ SABIA ?!
A artroscopia é o exame visual de uma articulação empregando-se uma pequena fibra ótica, o artroscópio. Líquido é injetado na articulação para distendê-la e permitir a visibilização das estruturas. A intervenção é vista no monitor, permitindo assim a observação .
A primeira tentativa de observação endoscópica de uma articulação foi feita em 1918 por Takagi (Takagi, 1933). Outros estudos foram realizados (Bircher, 1922; Burman et al, 1934; Watanabe et al 1979). O aperfeiçoamento dos aparelhos e fabricação de fibras óticas de pequeno calibre possibilitaram a artroscopia em cães (Knezevic e Wruhs, 1977; Siemering, 1978).
A artroscopia promove maior área de visibilização, iluminação e aumento das estruturas (Sams, 2000), permitindo visão detalhada da articulação, com trauma tecidual mínimo, mínima morbidade e informações que não podem ser obtidas com os exames clínicos e radiográficos mais comumente empregados em veterinária (Siemering, 1978; Kiwumbi e Bennett, 1981; Person, 1985; Van Ryssen e Von Bree, 1998). A recuperação do paciente é mais rápida, tem-se menor cicatriz e melhor efeito cosmético, é possível o procedimento bilateral e permite o diagnóstico precoce de processos articulares degenerativos (Person, 1989; Van Ryssen et al, 1993; Van Ryssen e Van Bree; 1998 Sams; 2000).
A artroscopia no cão foi relatada no fim da década de 70 (Siemering, 1978). Seguiram-se outros trabalhos (Kiwumbi e Bennett, 1981; Siemering e Eilert, 1986; Person, 1986; Goring, 1987; Person, 1989; Van Gestel, 1985a; Viguier, 1992; Sams, 2000; Melo et al., 2003; Arias et al., 2003), com aprimoramento da técnica e avaliação de outras articulações além da fêmoro-tibio-patelar. As primeiras cirurgias articulares no cão foram descritas por Person (1986); Person (1987); Bardet, (1997) e Puymonn e Knechtl, (1997). A intervenção requer anestesia geral e técnica asséptica (Van Ryssen e Van Bree, 1998, Sams, 2000) e tem sido usada para diagnóstico de osteocondrose das articulações escápulo-umeral, fêmoro-tíbio-patelar e úmero-rádio-ulnar. É útil no diagnóstico de lesões de cartilagem, menisco e condições inflamatórias não diagnosticadas clinicamente como tendinite, sinovite e fragmentação do processo coronóide. Existem algumas limitações para o emprego da artroscopia na prática veterinária. O fator inicial é o custo do equipamento seguido pela necessidade de treinamento intensivo e assistente capacitado (Von Ryssen e Van Bree, 1998).

FONTE: www.scielo.br